sábado, 1 de março de 2014

Insustentável leveza de ser você.


Cansaço. Tem dias, meses, anos em que essa palavra resume a tudo. E desse cansaço dá pra extrair tantos outros males que ás vezes o cansaço dá o tom do desespero e pinta angústia com tons de agonia.
Aquele cansaço imperdoável, da impotência inerente de ser você. Sim, você, não o carinha da esquina, a moça do andar abaixo, simplesmente o inescapável você. Até do "eu" a gente tem fuga, pode se ficar maluco, entrar em psicose, ter amnésia, enfim do você e sua história ninguém pode escapar. Dias que se deseja sair dessa gaiola chamada você e todas as porcarias que já te foram atribuídas antes de nascer. Das escolhas dos seus pais e entes queridos, dos acasos malditos, do destino, do que quiser chamar e dizer, de tudo aquilo que não temos poder de decidir sobre a nossa vida. De tudo aquilo que machuca mais do que se quer admitir. O que te aleija mesmo não sendo mais presente, o passado que não segue nunca ausente.
Existem tantos "você " nesse texto, quando se trata de apenas eu.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Equilíbrio catártico.


É como estamos vivendo esses tempos, calados, "se vira", "pare de reclamar", a questão é que ás vezes a gente precisa sim reclamar!
Tinha começado esse texto por essas semanas, e como ele seguia o propósito da minha tarefa de terapia dessa semana (como boa virginiana, amo uma lição de casa/ dever, na verdade só gosto quando é pra fazer algo que quero mesmo), eu como diria a rainha do rock nacional (quiçá universal! kkk) : " Suspenderam os jardins da Babilônia, eu pra não ficar pra baixo resolvi, botar as asas pra fora. Porque, quem não não chora dali, não mama daqui diz o ditado...", e como Rita! Apesar da raiva ter se amainado, a tensão desse ano, ou melhor, últimos anos, eu sinto meu psicológico na corda bamba de um picadeiro emocional nesse circo que anda minha vida. Ou que talvez, sempre fora. Não gosto de sentir raiva, nem mágoa, não gosto de extremos, até felicidade demais me deixa esquisita, eu sou dos meios nessa questão de estado de espírito, sou medíocre mesmo, porque nem tudo que é extraordinário é saudável. Senti na pele a excepcionalidade negativa e posso dizer, preferia ter sido medíocre no sofrimento que tive na vida, nunca subestime uma boa mediocridade em alguns aspectos, até porque se atrelada ao equilíbrio vai ser receita de uma paz que há tempo não tenho, me garantiria menos vertigens e tremores na corda bamba citada acima.
A raiva que senti pode até ter passado, mas as cicatrizes de cada crise vai ficar cravado na minha psique por um bom tempo, e isso eu sei. Quis chutar, esmurrar a parece, gritar, senti uma energia agressiva que nunca tinha sentido antes, quis banir do meu mundo todo um universo de 25 translações da terra e todos os habitantes dele. Eu não sabia nem como reagir, raiva pra mim parece algo primata, não evoluído, e eu suprimo até inconscientemente tudo isso, eu sou 8 ou 80 em muitas coisas, mas na questão raiva/ódio eu sempre fui peso pena. Mas como no circo da vida, tudo tem uma rotina, um esquema de funcionamento, e eu pra variar me perdi no meio da corda bamba, paralisada, ansiosa, depressiva e posso dizer que até habituada. Como poderia não conseguir chegar ao fim da corda, sendo que já havia repetido a mesma rotina tantas vezes há tempos atrás? A cada pressão fui ficando mais lenta, as vozes da plateia cada vez mais alta me deixava mais receosa, até que quando vi, em pleno picadeiro lotado virei uma estátua de gelo. Sem relógio parado, a cada hora que passa minhas pernas pesam mais. Pra trás não dá pra virar e só sobra ir em frente, em tentativas frustradas muito tento mas pouco consigo, porém, sempre em mente o diz no bom e velho circo de Elis "O show tem que continuar".